Escalabilidade em Produção com Bun: Uma Abordagem de Alta Performance
Uma análise sobre as estratégias de escalabilidade utilizando o runtime Bun. Otimização de throughput, balanceamento de carga e arquitetura de sistemas de baixa latência.

James
Backend developer passionate about building scalable systems and sharing knowledge.
1. Introdução
A ascensão do Bun foi quase um "efeito domino" no ecossistema JavaScript. Por mais que o Node.js tenha sido um titã que moldou uma década de backends modernos, ele é fruto de uma época em que "escalar significa colocar um Nginx na frente e torcer". O Bun nasce em outra era, com expectativas muito mais altas e usuários que já entenderam o custo da lentidão.
E, olha, muita gente acha que Bun “é só mais rápido”.
Mas vamos ser honestos: ninguém muda uma arquitetura inteira só por velocidade.
Você muda quando percebe que a performance abre caminhos arquiteturais diferentes.
Um exemplo simples:
No Node.js, rodar um cold start num microserviço serverless podia levar 120 a 300 ms.
No Bun, você vê coisas iniciando em 10 a 40 m2s.
Isso não é só "mais rápido".
Isso muda o que você pode construir.
2. Arquitetura e o Event Loop no Bun
O Bun usa JavaScriptCore, e isso importa por vários motivos. Um deles é a forma como ele lida com I/O.
Para perceber o impacto na prática, experimente isso:
Exemplo: servidor HTTP ultra básico
Node.js
import http from "http";
http.createServer((req, res) => {
res.end("Olá mundo!");
}).listen(3000);
Bun
Bun.serve({
port: 3000,
fetch(req) {
return new Response("Olá mundo!");
}
});
Ok, visualmente parecem iguais. Mas o detalhe é o custo interno:
- No Node.js, cada requisição passa por camadas do V8, libuv e bindings nativos.
- No Bun, o servidor HTTP é nativo e direto no JavaScriptCore.
Resultado?
Um servidor simples como esse consegue lidar com 150k+ req/s em Bun e 30k–50k req/s em Node.
Exemplo real de impacto
No Node.js, para lidar com WebSockets em larga escala, você quase sempre precisa:
- Redis Pub/Sub
- process managers
- clustering
- heartbeat tuning
- sharding manual
No Bun, você muitas vezes consegue o mesmo com:
Bun.serve- Um servidor WebSocket direto, sem overhead
É a diferença entre construir uma ponte e apenas atravessar o rio.
3. Paralelismo e Clustering
Vamos falar de um erro que vejo semanalmente:
Muita gente roda o Bun em produção usando 1 processo só.
Sim, ele é rápido.
Sim, ele usa menos memória.
Mas você continua tendo vários cores disponíveis, e ignorar isso é deixar performance ociosa.
Exemplo prático usando reusePort
Um arquivo server.js:
Bun.serve({
port: 3000,
reusePort: true,
fetch(req) {
return new Response(`PID: ${process.pid}`);
}
});
E rodando 4 processos:
bun server.js &
bun server.js &
bun server.js &
bun server.js &
Agora faça:
curl localhost:3000
Você verá:
PID: 14523
PID: 14525
PID: 14526
PID: 14528
Sem cluster do Node.
Sem PM2.
Sem balanceador interno.
Quem distribuiu as requisições?
O kernel do Linux.
Por que isso importa?
No Node.js, você escreveria:
- cluster manual
- worker management
- IPC
- scripts de respawn
- lógica de fallback
No Bun, você escreve:
reusePort: true
E segue a vida.
4. Balanceamento de Carga e Proxy Reverso
Esse é um ponto onde muitos devs cometem o erro clássico do “agora o Bun faz tudo, vou tirar o Nginx”.
Spoiler: não faça isso (na maioria das arquiteturas).
Exemplo prático de setup Bun + Nginx
Nginx:
server {
listen 80;
location / {
proxy_pass http://127.0.0.1:3000;
proxy_set_header Host $host;
}
}
Bun:
Bun.serve({
port: 3000,
fetch(req) {
return new Response("OK");
}
});
Por que manter o Nginx?
- Terminação SSL profissional
- Rate limiting real
- Cache baseado em regras
- Proteção contra ataques triviais
- Logs estruturados
- Melhor controle de headers
Cenário ilustrativo
Sem Nginx:
- 1 milhão de requisições HTTPS → seu Bun precisa descriptografar tudo.
Com Nginx:
- Nginx faz a terminação
- Bun recebe tráfego “limpo”
- A CPU agradece
5. Estratégias de Cache e I/O
Aqui é onde vemos o Bun realmente mudando hábitos.
⚡ Exemplo: cache na memória super simples
const cache = new Map();
Bun.serve({
fetch() {
if (cache.has("msg")) return new Response(cache.get("msg"));
cache.set("msg", "valor muito rápido");
return new Response("valor muito rápido");
}
});
Parece trivial, mas no Bun isso roda tão rápido que, para muitos microserviços, você literalmente remove a necessidade de Redis.
Exemplo com bun:sqlite
import { Database } from "bun:sqlite";
const db = new Database("local.db");
db.run("CREATE TABLE IF NOT EXISTS logs (msg TEXT)");
db.run("INSERT INTO logs (msg) VALUES (?)", "Server iniciado");
No Node, usar SQLite em produção costuma ser quase tabu.
No Bun… é totalmente viável.
6. Observabilidade e Métricas
Aqui vão exemplos reais de coisas que você PRECISA monitorar.
Exemplo: medir latência das rotas
Bun.serve({
fetch(req) {
const start = performance.now();
const resp = handleRequest(req);
const dur = performance.now() - start;
console.log("latência:", dur, "ms");
return resp;
}
});
Simples? Sim.
Mas essencial para descobrir o vilão invisível:
- A query lenta
- O JSON gigante
- O serviço externo que pinga às vezes
- A rota que ninguém usa mas consome CPU
Exemplo com OpenTelemetry (pseudo-config)
import { trace } from "@opentelemetry/api";
const tracer = trace.getTracer("bun-app");
Bun.serve({
fetch(req) {
return tracer.startActiveSpan("request", span => {
const result = handle(req);
span.end();
return result;
});
}
});
7. Conclusão (com exemplo final)
Imagine uma startup usando Node.js que recebe:
- 20k req/s num burst
- cold starts lentos
- necessidade de clustering
- Redis para quase tudo
- Nginx para aliviar o HTTPS
- várias gambiarras para WebSockets
Agora imagine a mesma startup migrando para Bun:
- 150k req/s
- cold start quase instantâneo
- clustering via kernel
- cache em memória eficiente
- WebSockets nativos
- SQLite local para partes do sistema
- stack mais simples
Não é que o Bun “faz milagres”.
É que ele te dá ferramentas melhores, que simplificam decisões que antes eram difíceis, caras ou impossíveis.
E quando arquitetura fica mais simples, a escala vem como consequência natural.
Share this article